RETRATOS DA MISERICÓRDIA
Lacaz e o plátano
Caro Mestre!
Mostrastes-me esta manhã,
O Museu, templo da sagrada arte,
O Instituto, vossa menina-dos-olhos,
E a Faculdade, a amada tão cantada
Em vossos escritos e orações.
Nos encontros com transeuntes,
Vossos colegas, discípulos e funcionários,
Todos vos sorrindo e cumprimentando,
Percebi quanto és admirado e estimado.
No belo jardim,
Ao apresentar-me o plátano,
Eu via dois símbolos,
Lado a lado,
À minha frente:
Lacazia, com orgulho, apresentando
Um simbólico Platanus,
E Platanus, com orgulho, apresentado
Por um simbólico Lacazia!
Dois símbolos
Da Taxonomia,
Dois ícones
Da Arte Divina.
H. S. Ivamoto
Num encontro com o Prof. Carlos da Silva Lacaz, em 19 de dezembro de 2001, o biografado apresentou ao autor o Museu Histórico da FMUSP, o Instituto de Medicina Tropical, a Faculdade de Medicina e o plátano, árvore-símbolo da Arte Médica. Enquanto o mestre apresentava o plátano, a percepção de uma identidade entre ambos inspirou os versos acima. A muda do Platanus orientalis fora trazida da ilha de Cós pelo ex-aluno Petrônio Reiff. Paulo Taborda, Valéria Taborda e Michael McGinnis identificaram um novo gênero de fungo e denominaram o agente etiológico da doença de Jorge Lobo, Lacazia loboi. O Prof. Lacaz encerrou sua longa caminhada por este mundo físico aos 23 dias de abril de 2002. Cremado, parte de suas cinzas foram depositadas no jazigo de seus pais em Guaratinguetá e a outra parte, junto ao plátano. Esse poema faz parte da monografia “Lacaz, Ciência e Humanismo na Casa de Arnaldo”, laureada pela Academia Nacional de Medicina com o Prêmio Carlos Chagas e publicada pela Lemos Editorial e Gráficos Ltda, de São Paulo, com o mesmo título.
Prof. Carlos S. Lacaz no jardim da FMUSP, junto ao plátano trazido de Cós pelo ex-aluno Petrônio Reiff, em foto de H. S. Ivamoto na manhã de 19 de dezembro de 2001.
Prof.Lacaz e Celso Nogueira, dois médicos educadores, durante o V Congresso Brasileiro de História da Medicina, de 2000, na Santa Casa de Santos