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, 09 de março de 2025.
11/03/2010
Textos médicos
Crianças são as principais vítimas de cães

Crianças pequenas (0 a 5 anos) são as principais vítimas de lesões graves por cães

Small children (0-5 yrs) are the main victims of serious lesions by dogs 

H. Ivamoto

A literatura científica disponibiliza milhares de estudos médicos sobre ataques por cães, indexados nos bancos de dados tradicionais, como o MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library, LILACS, CINAHL, National Research Register, Science Citation Index, Social Science Citation Index, PsycInfo, CurrentClinicalTrials.Gov e outros.

Duperrex e colaboradores (2009), pesquisadores da Cochrane Collaboration, publicaram uma revisão sistemática direcionada à educação preventiva de crianças e adolescentes. Essa forma de estudo baseia-se no levantamento de toda a literatura pertinente seguido de uma análise com rigorosa metodologia científica. Verificaram que as crianças pequenas, com menos de cinco anos de idade, são as principais vítimas de lesões graves. Crianças são geralmente atacadas em suas próprias casas (66-78%). Geralmente na cabeça ou na face (51-74%). As crianças conhecem os cães em 75% dos casos. Em 55% das crianças foi detectado estresse pós-traumático sete meses após o acidente. Em 29 a 42% dos casos os ataques não são provocados pelo comportamento das crianças. Vários autores recomendam o controle de raças de maior risco. 

Crianças pequenas são as maiores vítimas devido à sua estatura (cabeça, face e pescoço na altura da boca do cão), baixo peso e força (um cão de guarda comum é musculoso e pesa entre 50 e 70 kg) e incapacidade de defesa ou de fuga. Mordidas nos segmentos cefálico e cervical implicam na vacinação contra raiva (e seus possíveis efeitos colaterais), independentemente do estado ou de observação do animal. Podem também provocar danos estéticos e funcionais irreparáveis, com perda de pálpebras, olhos, orelhas, nariz, lábios, ossos, couro cabeludo, cérebro, laringe, etc..

Os adultos são mais freqüentemente atingidos nos membros superiores, ao se defenderem dos ataques. O primeiro transplante de face foi feito numa mulher atacada por um cão na França.

Os melhores amigos do homem

Cães são os melhores amigos do homem e, ao contrário de alguns humanos, são sinceros e confiáveis. Quando vêm os familiares e abanam a cauda, estão felizes, quando bravos, rosnam, quando o dono se ausenta, demonstram tristeza e seu latido reflete o seu real estado afetivo.

Já as manifestações afetivas de certas pessoas, como um sorriso, uma palavra de pesar, um tapinha nas costas ... às vezes significam o contrário.

O mundo humano é um imenso palco de teatro - a “Sociedade do Espetáculo” - como bem definiu Guy Debord.  

Cães são as melhores defesas para uma casa

Minha experiência de quando morava em casas fez-me concluir que cães são imprescindíveis para a defesa das mesmas e dos moradores.

Não há outro meio que ofereça semelhante nível de proteção, incluindo grades altas, rolos de tiras com pontas pérfuro-cortantes, cercas elétricas, monitoração eletrônica por equipe armada, “botão de pânico”, etc., etc. Essas medidas falham, não inibem os ladrões e nada substitui um cão de guarda. Se for um casal, melhor.

Algumas raças de cães descritas na reportagem de O Estado de São Paulo não se prestam para guardar, pois são geneticamente mansas e os ladrões os reconhecem.

O dono deve ser responsável e cuidadoso com seus cães

Os donos de cães de guarda devem agir com cuidado com seu amigo e responsabilidade como tem com uma arma ou veículo. Deve cuidar bem dos cães e também evitar possibilidades de ataques a crianças e outras pessoas vulneráveis.

Infelizmente, atitudes responsáveis em relação aos próprios cães são incomuns. Ataques geralmente resultam de negligência ou imprudência dos donos ou de seus cuidadores.

Apesar de sua força, o cão de guarda é, como os cães menores, dócil, amigo e brincalhão com os conviventes de uma casa. Outras pessoas, com quem não convive, que lhe são estranhas, são atacadas se entrarem na casa ou se aproximarem dos familiares numa via pública.

Naturalmente, cães não distinguem entre bandidos e amigos, e, independentemente de se tratar de crianças pequenas ou adultos, de jovens fortes ou idosos, de indivíduos saudáveis ou deficientes usuários de cadeiras de rodas, muletas ou bengalas – todos ficam sujeitos ao ataque por cães de guarda, pois se trata de uma ação instintiva desses nossos melhores amigos.

Esperamos que ataquem os ladrões e invasores do domicílio, mas é preciso proteger amigos e visitantes, principalmente crianças e outras pessoas vulneráveis, como idosos e deficientes. Infelizmente, desconheço a existência de qualquer meio de ensinar um cão de guarda a fazer essas distinções.

Já um cãozinho de estimação, manso e amigo de todos que chegam, é ótimo para brincar com as crianças, mas não serve para defesa da casa. São boas companhias para quem vive em apartamentos. 

Quando saio com crianças e noto a aproximação de um cão de guarda, que geralmente anda solto e acompanhado à distância pelo seu despreocupado proprietário, mudo de calçada ou vou para a rua. Se isso não for possível devido ao trânsito, pego as crianças no colo para tirá-las do solo e do alcance do cão. Um ataque pode ser grave e mutilante.

Meu Fila Brasileiro

Já tive vários cães quando morava em casa, alguns grandes e outros pequenos, mas todos muito fiéis e carinhosos com os familiares.

O último foi um Fila Brasileiro, de linhagem grande, com bom pedigree emitido pelo Cafib e que pesava quase 75 kg.

Nos passeios, saía com focinheira, corrente grossa e curta e coleira de aço do tipo enforcador resistente, pois, súbita e inesperadamente, arremessava-se contra algum pedestre ou ciclista que se aproximava. Para conseguir contê-lo, usava um triângulo de ferro com uma barra transversal larga e grossa, presa próxima à coleira, para, com as duas mãos, levantar suas patas dianteiras e reduzir sua força de tração.

Sua mordida era boa: com uma única quebrava cabos de vassoura. Dava-lhe ossos de boi para mastigar.

Eu saía muito à noite para os plantões e confiava em seu porte e ferocidade para assegurar a segurança e a tranqüilidade da casa e familiares contra ladrões.

Só deixei de ter cães quando mudei para um apartamento.

Conclusão

Aos amigos que moram em casas, sempre recomendo que tenham um bom cão de guarda e que saibam cuidar do amigo cão, para que não seja negligenciado e não faça vítimas.

 

       Editoriais de O Estado de São Paulo

O perigo dos cães ferozes

Em SP 10 ataques de cães por hora

 



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