O sistema límbico e as emoções

Henrique S. Ivamoto

                   (Página em construção)

Em 1937, James Papez propôs uma teoria sobre a fisiologia das emoções, envolvendo o lobo límbico, o tálamo e o hipotálamo, que entrariam na constituição do sistema límbico, situado na face medial e partes profundas dos hemisférios cerebrais. O sistema límbico estaria na gênese do processo subjetivo da emoção, através do lobo límbico, e de sua manifestação visceral, através do hipotálamo.

O lobo límbico (limbo significa orla, rebordo, contorno) é formado pelo giro do cíngulo, ístmo do giro do cíngulo, giro parahipocampal, uncus e hipocampo. Essa estrutura cortical, com formato de ferradura, dispõe-se em torno das estruturas  interhemisféricas centrais, como o corpo caloso e o diencéfalo. O lobo límbico é filogeneticamente muito antigo, estando presente em todos os vertebrados. O giro do cíngulo (cíngulo é o cordão que os sacerdotes usam como cinto) acompanha todo o entorno do corpo caloso, situando-se abaixo do seu rostro, adiante do genu, acima do tronco e atrás do seu esplênio. O corpo caloso é a maior estrutura comissural que une os dois hemisférios cerebrais.

            As diversas estruturas do sistema límbico unem-se formando o chamado circuito de Papez, e a maior parte dos impulsos segue a seqüência (a) giro do cíngulo, (b) istmo do giro do cíngulo, (c) giro parahipocampal, (d) corpo amigdalóide, uncus  e hipocampo, (e) fórnix, (f) núcleo mamilar do hipotálamo, (g) fascículo mamilo-talâmico, (h) núcleos anteriores do tálamo, (i) projeções através da cápsula interna, (j) giro do cíngulo. Outra estrutura límbica, a área septal, liga-se com o núcleo amigdalóide e o giro do cíngulo. O sistema límbico possui amplas conexões com o resto do cérebro, o tronco encefálico e a medula espinhal.

PSICOCIRURGIAS

            Psicocirurgias foram realizadas em animais ou em seres humanos para alterar o seu psiquismo. Em seres humanos, foram introduzidas por Egas Muniz e Almeida Lima.

1) Síndrome de Klüver e Bucy

            A ablação (remoção) da parte anterior dos lobos temporais em macacos Rhesus, bilateralmente, lesa o giro parahipocampal, o corpo amidalóide, o uncus e o hipocampo. Os animais apresentam uma dramática mudança em seu comportamento: animais agressivos ficam dóceis; cegueira psíquica, ficando incapazes de reconhecer objetos e animais que normalmente lhes causam medo, como cães agressivos; oralização, levando objetos à boca, mesmo os que normalmente causam medo; perversão do apetite, comendo coisas que normalmente não comeriam; alguns apresentam hipersexualidade, inclusive com animais do mesmo sexo ou de outra espécie.

2) Cingulectomia e cingulotomia

A ablação do giro do cíngulo (cingulectomia) em animais agressivos os deixou dóceis. A secção das fibras do fascículo do cíngulo (cingulotomia) já foi usada para o tratamento de ansiedade, de depressão e de dor devida a metástases.

3) Lesões ou estimulações do corpo amigdalóide

Têm provocado resultados conflitantes, possivelmente porque áreas diferentes do corpo amigdalóide foram lesadas ou estimuladas. Alguns animais ficaram agressivos, outros ficaram dóceis. Alguns desenvolvem hipersexualidade.

4) Lesões da área septal.

Lesões bilaterais da área septal causam agressividade, frente a estímulos que normalmente não causariam, o que é conhecido como raiva septal.

5) Lobotomia pré-frontal e leucotomia pré-frontal.

Fulton e Jacobsen realizaram a lobotomia pré-frontal em chimpanzés. Baseados nesse trabalho, o neurologista português Egas Muniz e o neurocirurgiáo Almeida Lima realizaram a cirurgia em pacientes portadores de depressão e ansiedade. Além de reduzir os sintomas de depressão e de ansiedade, a cirurgia provocava tamponamento psíquico e deficiência intelectual.

A leucotomia pré-frontal, com resultado semelhante ao da lobotomia, consiste em seccionar a parte anterior dos lobos frontais, adiante dos cornos frontais dos ventrículos laterais. As conexões da região pré-frontal com o núcleo dorso-medial do tálamo são interrompidas.